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sábado, 26 de dezembro de 2009

Incrível: TPM é atenuante!


Vocês sabem: advogado para falar "vai que eu garanto!" é dificil. E os dois que consultei, de ambos os sexos, foram categóricos no parecer: sim, em caso de homicídio, TPM é atenuante. Entenderam? Quer dizer o seguinte: se uma mulher, possuída pela TPM, realmente enlouquecer (mais ainda), pegar o revólver e der uns tiros no marido, é ruim, mas nem tanto- em vez de pegar 10, 15 anos, ela acaba pegando só uns seis. Basta que o assassinato não tenha sido planejado. Se planejou o crime, fez desenhinho esquematizando e foi lá dar os pipocos, aí nem a TPM salva. Mas se, de repente, do nada, a mulher enlouquece, corre até a gaveta da comoda e sai atirando, aí dá para defender: chama "loucura temporária". E os advogados se ouriçaram, acharam a tese interessante e pronto: em meia hora- juro- já tinham me mostrado casos parecidos.

Veja bem, não estou dando ideia (e mesmo se estiver, os advogados me orientaram a dizer que a ideia é de jerico). É só uma análise. Agora- e é ai que esta o ponto-, homem não pode. TPM não é atenuante pro lado de cá. Se a TPM e seu bafo de enxofre atacarem o coitado até ele enlouquecer temporiamente e matar a mulher, aí não tem papo: cana preta. Ou seja: aquele que é condenado ao convívio diário com a besta-fera não pode usar os mesmos argumentos dela. Ah, dirão as mulheres, mas voce nunca teve TPM, não sabe o que é. Já tive pedra no rim. É pior que pedra no rim? Duvido. Mas não vamos competir. Meu ponto é somente este: nós sofremos tanto quanto voces.

O convívio com uma mulher que está dominada pela TPM é muito doloroso. Não é fácil, e ainda doem os peitos. Mas nós merecemos também atenuantes. No mínimo, dó. Porque a gente ainda tem outro problema com TPM, fora a administração das feridas em si: culpa. Ninguém chega pra gente e diz assim: "Fulano, esta semana estou de TPM. Melhor voce já ir adiantando as coisas e dormir na sala". Mas não: simplesmente a mulher, namorada, irmã, o que for, aparece babando atrás do nosso couro. Se alguém disser "tudo bem, é a maldita", a gente entende. Encaixa os golpes. Mas se não falarem, a gente começa a imaginar que o mau humor é por erro nosso. E começa a fazer uma revisão cerebral: passou alguma data importante? Não conversei direito com ela no celular? Falei da bunda dela? Demora até cair a ficha. Muitas vezes, só vem depois. Tipo, uma semana depois de a mulher ser exorcizada e a TPM acabar, ela confessa. Aí é tarde, já estamos na enfermaria.

Então dito tudo isso, eu queria propor duas coisas, simples de conseguir. Anotem, por favor:

Primeira: se puderem, avisem que estão entrando na TPM. Quem nem os meterologistas fazem em Miami quando vem tufão. Tipo alerta de TPM de intensidade 5. Só pra gente se preparar, eventualmente mudar uns dias para uma cidade mais segura, ir dormir no ginásio municipal, não sei. E, segunda coisa, o mais importante: sumam com as armas de casa. Revólver, metralhadora, faca, furador de gelo, agulha de tricô, tesoura de frango, grampeador de papel, tudo. Aí pronto.

Por Lusa Silvestre.

fonte: Revista Marie Claire n 225/09

Um comentário:

  1. .. e nessas horas elas assumem que estão de tpm ou esperam que o advogado fale por elas?

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